MED às 4as – Mesa Redonda – Biodiversity for sale
O próximo MED às 4as é já no próximo dia 3 de abril e em formato de mesa redonda.
Neste dia trazemos à discussão os “mercados” de biodiversidade e a exequibilidade dos diferentes modelos económicos, tendo em conta a operacionalização das estratégias de conservação e restauro da natureza, como o Pacto Verde Europeu e a Lei do Restauro.
Os convidados desta mesa são:
- Isabel Ferraz de Oliveira – Investigadora do MED e Docente do Departamento de Zootecnia da Universidade de Évora;
- Carla Janeiro – Investigadora do MED, Grupo Ecologia Aplicada e Conservação;
- Mafalda Evangelista – Diretora (Capital Natural e Estratégia) na Natural Business Intelligence;
- Paulo Resende da Silva – Docente do Departamento de Gestão da Universidade de Évora.
Mesa redonda moderada pelo investigador do MED Pedro Salgueiro.
A sessão decorre presencialmente na Sala de Conferências do Pólo da Mitra – Universidade de Évora, entre as 14h e 15h, mas é também possível de assistir online, por Zoom (Link aqui).
Enquadramento
Operacionalizar as estratégias de conservação e restauro da natureza previstas em iniciativas e políticas europeias (e.g., Pacto Verde Europeu; Lei do Restauro), assim como apoiar a implementação de ações para promover a resiliência a longo prazo dos ecossistemas e da biodiversidade, vai exigir a mobilização de financiamento público e privado através do desenvolvimento de mecanismos e instrumentos financeiros estratégicos que permitam a convergência das políticas com as metas socioecológicas.
A emergência de novos mercados relacionados com a biodiversidade e os serviços de ecossistema envolvem o reconhecimento do valor económico do capital natural através das suas contribuições para as pessoas, internalizando os custos associados à sua gestão e restauro. Ou seja, da mesma forma que produzimos alimentos, também podemos produzir biodiversidade, e assim contribuir para ecossistemas sustentáveis, mais resistentes e resilientes às perturbações.
Contudo, e apesar de algumas iniciativas estarem na ordem do dia a nível europeu, a definição de novas políticas de economia ecológica está ainda muito difusa. Ainda subsistem muitas dúvidas sobre a forma de organização e operacionalização desses mesmos mercados, e da própria viabilidade de determinados modelos económicos a diferentes contextos. Apesar de haver uma convergência de opiniões que anteveem que a sustentabilidade das atividades de conservação da natureza dependerá da criação de instrumentos económicos que as financiem, os modelos e abordagens divergem grandemente na sua matriz conceptual. Desde logo havendo modelos económicos que dependerão de verbas públicas apontando à criação de subsídios que possam ser dotados mediante a obtenção de resultados de performance ecológica; ou outros que apontam à responsabilização e mobilização do sector privado, seja através da implementação de mecanismos de compensação das externalidades negativas decorrentes de impactes, ou da valorização dos serviços e recursos naturais que são gerados enquanto cobenefícios para a sociedade. No limite, pondera-se a criação de mercados voluntários de biodiversidade, regulados ou liberalizados, onde o passivo ambiental pode ser anulado através da aquisição de créditos de biodiversidade.
O conhecimento sobre a implementação destes mercados é ainda muito limitada, mas ao mesmo tempo desafiante. Esta mesa-redonda irá debruçar-se sobre a exequibilidade dos diferentes modelos económicos e definir princípios sobre os quais os instrumentos financeiros estratégicos podem operar.
As Mesas Redondas do MED estão integradas na iniciativa “MED às 4as”, as sessões de ciência com café promovidas pelo MED na Universidade de Évora (com transmissão online) e são abertas a todos os interessados.