Estudo de Investigadores do MED revela novas abordagens para quantificar o risco de transmissão da Tuberculose Animal
Um estudo publicado recentemente na revista científica “Science of the Total Environment” revelou descobertas importantes sobre o risco de transmissão da Tuberculose Animal (TB) num sistema multi-hospedeiro envolvendo javalis, veados, carnívoros e bovinos domésticos em Portugal.
Ao combinar mapas de uso do espaço pelos hospedeiros – interpolados a partir de armadilhagem fotográfica – com dados moleculares de contaminação ambiental por bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis (MTBC), o estudo fornece, pela primeira vez, mapas de risco de transmissão, úteis para identificar áreas prioritárias e direcionar esforços para vigilância e controle da tuberculose animal. Este trabalho mostra como a ecologia dos hospedeiros e os padrões espaciais da ocorrência de MTBC influenciam o risco de transmissão da tuberculose animal no Sul de Portugal, onde a partilha do espaço ocorre frequentemente entre as espécies selvagens e domésticas. O estudo também mostra a necessidade de incluir fatores topográficos e edáficos em modelos de previsão da ocorrência de MTBC. A partir desta análise combinada do mapeamento do uso do espaço pelas espécies e da presença de bactérias nesses locais, demonstrou-se que o javali (Sus scrofa) e o veado (Cervus elaphus) usam com maior frequência as áreas onde a há maior probabilidade de ocorrerem bactérias do MTBC, potenciando, desta forma, a sua transmissão.
A fim de estimar com precisão a probabilidade espacial da transmissão da TB em comunidades com múltiplos hospedeiros e identificar locais específicos de hotspots que requerem intervenção e vigilância para diminuir a transmissão, é imperativo combinar a ecologia dos hospedeiros com a contaminação ambiental.
Esta investigação foi coordenada por investigadores do MED-Instituto Mediterrâneo de Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, sediado na Universidade de Évora, e envolveu investigadores do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, ambas unidades de I&D pertencentes ao Laboratório Associado CHANGE – Instituto para Mudança Global e Sustentabilidade. Contou também com a participação do IREC –Instituto de Investigación en Recursos Cinegéticos, de Espanha.
A investigação foi financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, no âmbito de uma bolsa de doutoramento (SFRH/BD/146037/2019), do projeto COLOSSUS (PTDC/CVT- CVT/29783/2017) e do projeto MOVERCULOSIS (2022.06014.PTDC).
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