Doutoranda do MED distinguida com Prémio Ciência e Inovação
Ana Rita Trindade, doutoranda no MED, foi distinguida com o Prémio Ciência e Inovação na Gala dos Prémios Juventude 2024, uma iniciativa do Município de São Brás de Alportel. O prémio reconhece o seu contributo para a investigação na área da agricultura sustentável e da gestão eficiente da água.
A cerimónia, que assinalou os 20 anos desta iniciativa, reuniu a comunidade local para homenagear jovens de mérito do concelho. A seleção dos nomeados envolveu a comunidade e uma comissão representativa, sendo os vencedores escolhidos por votação pública ao longo de novembro.
Licenciada em Agronomia pela Universidade de Évora e Mestre em Hortofruticultura pela Universidade do Algarve, Ana R. Trindade iniciou a sua trajetória de investigação no MED-UAlg em 2018, com um projeto pioneiro sobre a cultura da pitaia no Algarve. Atualmente, integra a equipa da UAlg no projeto “Agro+Eficiente”, liderado pela CCDR Algarve, que promove uma gestão mais sustentável dos recursos hídricos. O projeto aposta na introdução de novas culturas (como a pitaia), no uso de variedades tradicionais e em sistemas de rega mais eficientes.
Paralelamente, está a desenvolver a sua tese de doutoramento, também focada na gestão eficiente da rega e na melhoria dos solos agrícolas, com o objetivo de reduzir o consumo de água sem comprometer a produtividade e qualidade dos frutos do abacateiro. Conta, para esta investigação, com a orientação do professor Amílcar Duarte e dos investigadores Luísa Coelho e Sérgio Prats, todos membros do MED. Este é, portanto, um projeto alinhado com a missão do MED na promoção de soluções sustentáveis para a agricultura mediterrânica.
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“Este prémio significa, principalmente, reconhecimento da minha dedicação à investigação, mas principalmente à área das ciências agrárias. (…) Passar conhecimento técnico de forma acessível na tentativa de desmistificar alguns “mitos” associados à agricultura e de aproximar as pessoas a este meio, para que o percebam e protejam, tem vindo a tornar-se numa ambição pessoal.”
Para compreender melhor o impacto deste reconhecimento, colocámos algumas questões a Ana R. Trindade:
UDIT-MED: O que significou para si receber este prémio e como contribui para a sua motivação e planos futuros?
Ana: Este prémio significa, principalmente, reconhecimento da minha dedicação à investigação, mas principalmente à área das ciências agrárias. Foram os munícipes de São Brás de Alportel que me sugeriram como candidata (assim como a mais dois jovens colegas investigadores de outras áreas) sendo que após os votos, fui eu a selecionada. Para mim, é reflexo de que tenho sido capaz de cativar e a transmitir o conhecimento que vou adquirindo nesta área a pessoas que não estão tão ligadas ao meio como eu. A meu ver isto é particularmente importante tendo em conta que a agricultura e o meio rural tendem a ser subvalorizados. Passar conhecimento técnico de forma acessível na tentativa de desmistificar alguns “mitos” associados à agricultura e de aproximar as pessoas a este meio, para que o percebam e protejam, tem vindo a tornar-se numa ambição pessoal.
UDIT-MED: Como começou o seu interesse pela investigação na área da agricultura? O que a levou a escolher esta área e a especializar-se em horticultura?
Ana: Após ter terminado a minha licenciatura em Agronomia na UÉ, o início da atividade profissional como investigadora surgiu associada à cultura da pitaia, num projeto de investigação orientado pelo Professor Doutor Amílcar Duarte, na UAlg. Na altura a informação disponível era muito escassa e apenas associada a climas tropicais, mas a perspetiva era de que a pitaia teria enorme potencial para a diversificação da fruticultura algarvia, principalmente por ser uma espécie que melhor uso faz dos recursos hídricos. Era, portanto, necessário pesquisar tudo sobre ela, quando cultivada nas condições edafoclimáticas do Algarve, desde as suas necessidades e preferências, até aos constrangimentos de cultivo. Este trabalho envolveu a escolha de plantas, local de implementação do campo de ensaios, desenho experimental, plantação e acompanhamento do desenvolvimento destas plantas durante 4 anos, o que foi bastante desafiante, mas também muito estimulador porque era algo totalmente novo. Afinal, estávamos a estudar uma cactácea completamente diferente do comum, como fruteira. Creio que um projeto tão inovador como este tenha sido o que mais me estimulou e incentivou a perseguir a carreira de investigação. A importância de alternativas que potenciem uma melhor gestão dos recursos hídricos como, por exemplo, a adoção de culturas mais eficientes como a pitaia, impulsionou-me a continuar o meu trabalho nesta área. Por esse motivo, já iniciei o meu doutoramento que trata fundamentalmente a eficiência da rega e a melhoria de solos agrícolas.