Clube Ciência Viva de Reguengos de Monsaraz visita a Herdade da Mitra e divulga projeto de ciência cidadã no Congresso de Ornitologia
Os alunos do Clube de Ciência Viva de Reguengos de Monsaraz voltaram à Mitra, no final de outubro, para interagir com a equipa do Laboratório de Ornitologia (LabOr) do MED-UÉvora. À chegada, foram encaminhados para o auditório, onde ficaram a saber que o LabOr é um dos muitos laboratórios do MED, onde há investigadores que estudam temas muito diferentes sobre agricultura e ambiente. Depois, focaram-se nas aves, que são o objeto de estudo do Clube Ciência Viva, e “puseram mãos à obra”. Participaram em anilhagem científica, em atividades no laboratório e num seminário sobre ciência cidadã.
Felizmente o tempo ajudou: choveu nos dias antes e não teria sido possível fazer capturas de aves nessas condições! O momento em que puderam ver de perto as toutinegras e o chapim-rabilongo foi, sem dúvida, o mais marcante de toda a manhã. O contacto com as aves tem algo que não se consegue explicar, mas que cativa e fascina os nossos pequenos aprendizes de ornitólogo. (E os grandes também.) O investigador Carlos Godinho, responsável pela anilhagem no LabOr, mostrou com todo o cuidado como se identificam as espécies, e como conseguimos saber o sexo e a idade.
Já no laboratório, aprenderam a triar ossos e a identificar as presas em regurgitações de coruja-das-torres. As bolseiras de investigação Inês Almeida e Mariana Tomaz explicaram quais os ossos mais importantes para identificarmos as espécies de ratos de que a coruja se alimenta. De volta ao auditório, aprenderam como se formam as regurgitações e como todos podemos contribuir para conservar a coruja-das-torres, uma espécie em declínio no nosso país. A investigadora Inês Roque, coordenadora do primeiro Censo Nacional de Coruja-das-torres, mostrou os principais resultados desse projeto de ciência cidadã, que moveu muitos voluntários especializados, mas também muitas pessoas que nunca tinham participado em censos de aves.
Mas as atividades do Clube Ciência Viva vão muito para além das visitas à Mitra. Na escola, estão a construir um charco e instalaram um observatório para aves. Além disso, em 2022 alunos e professores juntaram-se para monitorizar o dormitório de pega-rabuda que existe em Reguengos de Monsaraz e prepararam um poster que irão apresentar no XI Congresso de Ornitologia e II Jornadas Macaronésicas de Ornitologia. Nas quatro contagens efetuadas entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023 foram registadas, em média, 1225 pegas-rabudas. O censo irá continuar até 2025.
Desta vez, a parceria entre o LabOr-MED e o Clube Ciência Viva da Escola Básica António Gião, do Agrupamento de Escolas de Reguengos de Monsaraz trouxe à Mitra duas turmas, do 3.º e 9.º anos do ensino básico. O professor Pedro Grilo, responsável pelo Clube Ciência Viva, agradeceu a ”manhã de sol inesperado que nos proporcionou uma excelente experiência pelo encantador mundo das aves”. No próximo ano letivo voltaremos a vê-los. Entretanto, vamos acompanhando os desenvolvimentos do censo de pega-rabuda e as observações de aves na escola.