Benefícios da azeitona de mesa na nossa dieta
Azeitona de mesa: Um alimento da Dieta Mediterrânica, esquecido entre nós!
1. Azeitona de mesa: história e curiosidades
A azeitona, fruto da oliveira (Olea europaea), é utilizada na obtenção de dois alimentos essenciais do padrão alimentar da Dieta Mediterrânica: o Azeite e a Azeitona de mesa.
A azeitona de mesa foi durante milhares de anos um alimento fundamental para as comunidades do Mediterrâneo.
As referências mais antigas acerca da preparação de azeitonas de mesa encontram-se no livro “De re rustica” do agrónomo Romano, Columella (42 a.C.). Estavam sempre presentes nas mesas gregas, romanas e árabes, abastadas ou necessitadas, mais ou menos eruditas.
Até ao século XX as azeitonas de mesa eram um componente básico do sustento diário das populações rurais, e não só.
Na Idade Média, a importância dos produtos obtidos da azeitona era tão grande que as administrações camarárias aplicavam coimas aos criadores de animais menos cuidadosos que os colocavam a pastar em campos de oliveiras, para garantir que a produção dos seus frutos não fosse comprometida.
2. Porque está a azeitona de mesa a cair no esquecimento?
Em Portugal o consumo de azeitona de mesa está em declínio há décadas, e isso pode traduzir-se na extinção de cultivares robustas.
As cultivares destinadas a obter a azeitona de mesa não têm tanta aptidão para a extração de azeite, economicamente mais valorizado.
A extinção é definitiva e, com as árvores, extingue-se também o conhecimento empírico sobre a preparação e apresentação dos seus frutos: as Azeitonas de mesa. Extinguem-se hábitos alimentares, memórias, histórias e estórias.
3. A azeitona de mesa é um produto vegetal fermentado.
A azeitona é um fruto demasiado amargo para ser consumido sem transformação, mesmo quando maduro.
Existem inúmeros métodos de transformar as azeitonas em alimentos apetecíveis e seguros.
A maioria desses métodos (artesanais ou industriais) envolve um processo fermentativo, levado a cabo por microrganismos nativos do fruto e ambientes circundantes. Depois de lavagens que também eliminam o excesso de compostos fenólicos, amargos, as azeitonas são colocadas em salmoura.
No final da fermentação, a salmoura é trocada por outra com menos sal e adicionam-se ervas aromáticas, casca de citrinos, entre outros, para aromatizar e conservar.
4. A azeitona de mesa é nutricionalmente muito rica.
A azeitona de mesa ainda é um aperitivo comum em alguns restaurantes, mas vai dando lugar a “snacks internacionais”, num esforço de adaptação à globalização e à denominada “dieta ocidental”.
O agradável sabor amargo das azeitonas de que se aprende a gostar, deve-se à presença de compostos fenólicos que são antioxidantes potentes com inúmeros benefícios para a saúde.
As azeitonas contêm ainda diversas vitaminas, microelementos e fibras alimentares. A água predomina na sua composição (70%) e a sua matéria gorda não é mais do que azeite, cujo consumo está associado à prevenção de doenças cardiovasculares, e outras.
Uma porção de azeitonas de cerca de 20g contém 36Kcal, uma colher de café de azeite, microrganismos probióticos e “postbióticos”.
É um facto que as azeitonas contêm bastante sal. A mesma porção de 20g fornece cerca de metade da dose diária recomendada de sódio; mas porque não usá-las como ingredientes na confeção de pratos, “descontando” esse sal?
5. Dicas para aumentar a ingestão de azeitona de mesa.
Os componentes das azeitonas de mesa podem contribuir para as necessidades nutricionais diárias e alguns têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, para além de proporcionarem saciedade e satisfação.
Como utilizá-las na gastronomia? Aqui seguem algumas dicas:
- Incorpore azeitonas em saladas de inspiração mediterrânea ou em omeletes.
- Integre azeitonas em cremes para barrar, quiches, biscoitos salgados, ou produtos de panificação.
- Experimente colocar azeitonas em espetadas de vegetais.
- Inclua azeitonas em pratos variados de carne ou peixe. Até já o fazemos em alguns pratos de bacalhau.
- Explore as diferentes variedades de azeitona de mesa Portuguesa.
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Por:
Célia Quintas
Professora da Universidade do Algarve & Investigadora do MED
e por:
Amélia Delgado
Investigadora do MED
20 de julho, 2023
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