MED vê aprovado o FIREPOCTEP, projeto INTERREG para o Fortalecimento dos sistemas transfronteiriços de prevenção e extinção de incêndios florestais e melhoria dos recursos para a geração de empregos rurais pós-Covid-19
Com o objetivo de abordar aspetos relacionados com a adaptação às alterações climáticas através da prevenção e gestão da paisagem suscetível a grandes incêndios rurais, o projeto FIREPOCTEP pretende identificar as zonas estratégicas de gestão para minimizar o risco e a severidade dos grandes incêndios florestais através da gestão agro-silvo-pastoril.
Que impactes podem resultar das alterações climáticas na Península Ibérica nas próximas décadas? Quais as áreas mais propensas à ocorrência de grandes incêndios rurais? De que forma estes eventos extremos afetam as comunidades locais?
Estas são algumas das questões a que uma equipa de investigadores da Universidade de Évora, da qual fazem parte Nuno Guiomar e Nicásio Morillo, ambos membros do MED, tentará responder. Para tal irão recorrer a projeções climáticas obtidas através do Couple Model Inter-Comparison Project – CMIP5, da análise de dados do European Forest Fire Information System (EFFIS), e dos índices de perigosidade de incêndio rural calculados pelo Global ECMWF Fire Forecasting model (GEFF).
Durante o projeto os investigadores procurarão ainda formalizar conhecimento sobre a diversidade microbiana dos solos afetados pelos fogos ocorridos durante o período de maior severidade meteorológica e pelas queimas prescritas, de modo a constituir-se como bioindicador do efeito do fogo no solo. O fogo prescrito é uma das soluções mais eficazes a curto prazo para a redução do combustível existente na paisagem. No entanto existem muitas dificuldades uso operacionais na implementação desta técnica e falta de confiança na sua aplicação. Estudar o impacte do fogo prescrito nos sistemas ecológicos e, particularmente, o impacto sobre a componente microbiológica do solo (diversidade microbiana), assim como comparar estes resultados com os obtidos em incêndios ocorridos em pleno verão, é essencial para a avaliação desta solução e para ajustar as “janelas de prescrição”.
Através da seleção de áreas recentemente queimadas e do uso de inovadoras ferramentas moleculares que permitem a caracterização dos perfis filogenéticos de bactérias e fungos nas zonas selecionadas, e através do sequenciamento massivo (Next Generation Sequencing “NGS”), serão determinadas ainda as corelações entre a diversidade microbiana e parâmetros físicos e químicos dos solos estudados. As sequencias do NGS serão depositadas nas bases de dados internacionais do National Center for Biotechnology Information.
A par da investigação científica a produzir, o projeto aposta ainda na formação e sensibilização da população rural através de cursos de formação e de cooperação entre todos os agentes envolvidos no sistema de prevenção e supressão de fogos rurais no sentido de ampliar a capacitação da população e potenciar as sinergias criadas, assim como na formalização de um espaço de encontro entre Universidades, investigadores e outros especialistas possam colaborar e impulsionar projetos comuns.
O FIREPOCTEP pretende ainda capacitar e dotar de materiais os agentes operativos para facilitar a intervenção em ambos os lados da fronteira e desenvolver um sistema de acreditação para a formação dos dispositivos que normalize procedimentos de segurança pós COVID-19.
O Projeto FIREPOCTEP agora aprovado é um projeto de colaboração transfronteiriça entre Espanha e Portugal para fortalecer os sistemas comuns de prevenção e extinção de incêndios rurais e para melhorar os recursos para a criação de emprego em espaço rural pós COVID-19. O orçamento da Universidade de Évora ascende a 126.900€ sendo a contribuição do FEDER de 95.175€. A equipa de investigação Universidade de Évora é coordenada pelo Professor Rui Salgado e integra professores e investigadores das seguintes unidades de investigação sediadas na Universidade: Instituto de Ciências da Terra (ICT), Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), Laboratório HERCULES e Centro de Investigação em Matemática e Aplicações (CIMA).
A aprovação deste projeto vem dar força à aposta que a Universidade de Évora está a fazer nesta importante área de investigação, somando-se a outros projetos em curso, 3 deles financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, ao Centro Ibérico de Investigação e Combate aos Incêndios Florestais (CILIFO) que tem um pólo na Universidade de Évora financiado pelo INTERREG-POCTEP e à contratação de recursos humanos altamente qualificados.