Projeto RESCHEDULE discutiu a saúde dos solos em Itália
No dia 22 de maio, o Instituto ALSIA[a], em Itália, acolheu um workshop do projeto RESCHEDULE que teve como foco as opções de gestão para melhorar a saúde do solo para um sistema agrícola mais resiliente no Mediterrâneo, uma das regiões europeias mais afectadas por extremos climáticos.
O MED esteve representado neste workshop através da investigadora Helena Guimarães que referiu que “a conceção do workshop foi um desafio, uma vez que a maior parte do nosso trabalho é desenvolvido no contexto português. No entanto, o apoio prestado por todos os envolvidos ajudou a identificar os desafios que os agricultores enfrentam na transição para práticas de gestão com claros benefícios a longo prazo que requerem investimento imediato. A informação recolhida contribuirá para o debate urgente e em curso sobre a melhoria dos atuais sistemas de inovação do conhecimento agrícola para atingir os objectivos europeus em matéria de saúde do solo”.
De acordo com Francesco Cellini, diretor do ALSIA, “acolher este tipo de workshop faz parte da estratégia do instituto para apoiar os agricultores na difícil tarefa de manter as atividades agrícolas enquanto os desafios relacionados com o clima aumentam”.
O workshop constituiu uma oportunidade para o setor se envolver com os parceiros do RESCHEDULE. Nas palavras de Raffaella Balestrini, directora do IBBR[b]: “O RESCHEDULE foi uma oportunidade para reunir mais evidências da importância da microbiota do solo e das estratégias para a melhorar” e Fabiano Sillo (investigador do IPSP[c]) acrescentou: “Embora os estudos a longo prazo sejam difíceis de financiar, os nossos resultados indicam que as práticas de consociação e a utilização de bioestimulantes oferecem benefícios significativos e podem melhorar os rendimentos da produção”. Embora o contexto alemão possa, à primeira vista, parecer muito diferente, Thomas Reitz (investigador da UFZ[d]) salientou que “o nosso instituto está situado numa região da Alemanha que enfrenta desafios comparáveis aos da região mediterrânica, com valores de precipitação de 254,0 mm em 2018. Os nossos estudos indicam que as comunidades microbianas podem aumentar a resistência das culturas à medida que a frequência de fenómenos climáticos extremos aumenta, o que é importante para qualquer região afetada.”
O RESCHEDULE (RESilient to Climate CHange Extremes MeDiterranean AgricUltural Systems: LEveraging the Power of Soil Health and Associated Microbiota) é um projeto PRIMA liderado pela Universidade Técnica de Creta, tendo como parceiro a Universidade de Évora. O RESCHEDULE teve início em 2021 e encontra-se no seu último ano de desenvolvimento. Nos últimos três anos, tem-se concentrado em melhorar a resiliência e a sustentabilidade das explorações agrícolas mediterrânicas de pequenos agricultores às alterações climáticas e aos extremos climáticos. O projeto desenvolveu intervenções de base científica que podem ser adaptadas localmente através de sistemas de apoio à decisão de fácil utilização. Estes sistemas permitem às partes interessadas compreender interacções complexas e tomar decisões informadas sobre a gestão sustentável dos sistemas agrícolas.
- a) ALSIA – Agenzia Lucana di Sviluppo e di Innovazione in Agricoltura
- b) IPSP – Institute for Sustainable Plant Protection, CNR – National Research Council of Italy
- c) IBBR – Institute of Biosciences and Bioresources, CNR – National Council of Research
- d) UFZ – Helmholtz Centre for Environmental Research GmbH